Repescado de ocasião
Ás portas de um grande derby entre SLB e SCP, uma crónica do Bruno em Fevereiro de 2005.
Para despertar as recordações dos adeptos sportinguistas...
Futebol «Sexy»
Foi um Sporting autoritário aquele que se deslocou ontem ao Estádio De Kuip para vencer um acanhado Feyenoord que não fez jus à fama de melhor ataque europeu. A equipa do Sporting foi capaz de controlar tranquilamente o tão aguardado arrebatamento ofensivo da formação do Feyenoord e nem precisou de torcer muito o seu jogo para oferecer um "banho de bola" a Ruud Gullit e aos seus violentos adeptos. Os críticos do senhor Peseiro, como eu, devem ter a humildade para reconhecer que o técnico português engendrou a melhor estratégia para derrotar o Feyonoord. Sem opções duvidosas, esteve muito bem ao recuar Fábio Rochemback tendo em atenção para que este não perdesse a criatividade que lhe é conhecida, e foi corajoso ao oferecer a titularidade ao "puto" Moutinho em detrimento de Hugo Viana. Este jovem da "fornada" de Alcochete esteve sublime ao emprestar uma raça que é por certo ímpar nos campos de futebol. Pena que este Sporting não seja capaz – por razões ocultamente desconhecidas – de manter a regularidade exibicional necessária para diferenciar os "grandes" dos "pequenos", porque quando isso vier a acontecer, então sim, teremos uma autêntica máquina de jogar futebol, não só para consumo interno, mas que ameaçará a conquista de todas as competições onde está inserido. Aliado à juventude de João Moutinho, Peseiro colocou o "capitão" Barbosa que foi incansável nas movimentações defensivas e no apoio ao ataque. Os pupilos de Ruud Gullit nunca conseguiram pensar o seu jogo tal era a dimensão maior a que Sporting se elevou em plena "Banheira" de Roterdão. Era então chegada a altura dos "Hooligans" holandeses começarem a incendiar o jogo colocando seriamente em causa a integridade física de Ricardo após o lançamento de um petardo. A hostilidade da claque holandesa foi simplesmente repugnante durante todo o encontro. Na primeira parte o domínio do Sporting foi inconstante durante alguns minutos com os holandeses a usufruírem de duas boas oportunidades de golo por intermédio do ponta-de-lança Kuyt. O tempo escasseava, a ansiedade e o nervosismo dos holandeses aumentava, e o Sporting controlava o desafio a seu belo prazer. A segunda parte chegou acompanhada pelo perigo constante que o Sporting representava para a baliza do Feyenoord: Liedson - que foi vítima de uma marcação impiedosa na primeira parte - ao minuto 55' quase marca o primeiro após um livre de Rui Jorge; aos 57', o mesmo Liedson pressionou o guardião Lodewijks e, não fosse o mau passe de Sá Pinto, e o golo poderia ter surgido. Não foi aos 57' mas foi aos 62' que, em posição regular, Liedson recebe uma bola de Carlos Martins e é mais rápido que toda a gente para posteriormente executar um chapéu perfeito ao guarda-redes holandês. Não estando contentes com o petardo que enviaram a Ricardo, os adeptos holandeses - em todo o esplendor do seu mau perder - optaram desta vez por arremessar todo e qualquer objecto que fosse pequeno e causasse graves danos (isqueiros, pilhas...) aos jogadores do Sporting que se encontravam então a festejar o golo do "levezinho. Uma situação lamentável que deve obrigatoriamente passar pela alçada da UEFA. O árbitro do encontro, o senhor Meyer, optou por mandar toda a gente para os balneários por entender que não estavam mais reunidas as condições essenciais para a organização de uma partida de futebol. Volvidos quinze minutos, o jogo foi reatado e autoridade do Sporting foi então imperial até ao apito final do árbitro. Houve ainda tempo para o regresso aos golos de Rochemback através de um livre superiormente apontado e para o golo de honra dos holandeses, ao cair do pano, por intermédio de Hofs. O Sporting carrega as baterias para os oitavos-de-final da prova onde vai defrontar o sexto classificado da Premier League, os ingleses do Middlesbrough.