terça-feira, abril 22, 2008

"Os contemporâneos" junta "all stars" do humor nacional



Bruno NogueiraGonçalo WaddingtonMaria RueffNuno MarklNuno LopesEduardo MadeiraCarla VasconcelosDinarte Branco


Ana Gaspar

São considerados os sucessores dos "Gato fedorento" no humor da RTP e já mostraram que não estão intimidados com o facto. O primeiro "spot" promocional de "Os contemporâneos", que o primeiro canal está a exibir desde sexta-feira, é inspirado no "Diz que é uma espécie de magazine", mostrando assim que Bruno Nogueira e companhia estão preparados para brincar com tudo, até consigo próprios.

Eduardo Madeira, um dos autores dos textos - que também vai participar no programa - adiantou ao JN que o registo dos actores irá ao encontro "do que se está a fazer no momento" em termos de humor e que, apesar de todos terem a "escola inglesa" como referência, o facto é que estão a inspirar-se no trabalho da equipa de guionistas e de actores.

"É fantástico, é tipo 'all stars' (os melhores dos melhores) do humor" prosseguiu, acrescentando estar disponível para "fazer o que for preciso" em termos de interpretação. "Há actores muito bons, e tenho consciência das minhas limitações", disse.

Outro dos humoristas que além da escrita também fará uma "perninha" nos episódios é Nuno Markl. Carla Vasconcelos, Gonçalo Waddington, Dinarte Branco são os restantes nomes da equipa, que se juntam a Nuno Lopes, Maria Rueff e Bruno Nogueira. Este último, ainda antes de serem conhecidos os nomes de todos os actores, tinha já escrito no seu blog "Corpo dormente" que "só fazia sentido fazer este programa com os melhores", e que a equipa de argumentistas "é também uma vitória".

Com a chancela das Produções Fictícias, os textos são assinados por Eduardo Madeira, Francisco Palma, João Quadros, Mário Botequilha, Nuno Costa Santos, Nuno Markl e Vítor Elias.

José Fragoso, director de Programas da RTP1, disse, ao JN, que o programa "terá por base sketches humorísticos".

Os restantes pormenores serão revelados na apresentação do projecto agendada para amanhã.


Link: http://jn.sapo.pt/2008/04/22/televisao/os_contemporaneos_junta_all_stars_hu.html

sexta-feira, abril 18, 2008

Bruno Nogueira: "José Sócrates é do tamanho do que vê porque é ambicioso"

É o rapaz tímido do humor mordaz. E o rapaz dos anúncios que todos sabem de cor. O mesmo que prescindiu da confortável exclusividade com a SIC para percorrer o país com um solo de textos agudos. E é o rapaz que, quase em segredo, escreve bela poesia. Bruno Nogueira, 26 anos, é o rapaz perfeito-perfeito?

Nicole Kidman é obrigada a cheirar a Chanel nº5 nos eventos. A Super Bock também o obriga a beber cerveja sem álcool em público?
[risos] Não, não. Bebi cerveja sem álcool durante uns anos, mas hoje prefiro com álcool.

Que sentido faz divulgar uma cerveja sem álcool com voz alcoolizada?
A publicidade é uma fonte de rendimento tão alta que faço o que me pedem e não o que acho que faz ou não sentido.

É tão insatisfeito como a personagem desse anúncio?
Não. Não tenho paciência para ser pessimista.

É preciso beber uma bebida ‘perfeita’ para dizer uma palavrão - mesmo invertido - na campanha a um banco?
[risos] Não. Mas foi uma boa jogada de marketing. Falou-se mais disso do que eu esperava.

O que acha da ideia de acabar com a publicidade na RTP, defendida esta semana por Luís Filipe Menezes?
É uma ideia lindíssima que, na prática, não faz sentido. Mas soa bem, é o que todos querem ouvir.

O líder do PSD precisava de uma campanha publicitária?
Provavelmente. Uma campanha mais realista do que aquela que ele tem andado a fazer.

Que slogan recomendaria?
“Menos palavras”.

O que poderia um político aprender com um humorista?
A comédia tem a vantagem de poder dizer o mesmo que um político, mas de forma menos chata.O problema da política é que é muito enfadonho ouvir sempre as mesmas coisas, só que com cores diferentes.

Tropeçando em José Sócrates, que dedo(s) da mão lhe levantaria?
[risos] Não sei bem... O polegar direito para cima e o polegar esquerdo para baixo, porque só a longo prazo vai perceber-se o que ele anda a fazer agora.

O Primeiro-ministro é “do tamanho do que vê ou do tamanho da altura dele”?
É do tamanho do que vê porque a ambição dele é muito maior do que o seu tamanho.

A citação da pergunta anterior foi retirada de um poema de Alberto Caeiro e deu nome ao seu primeiro espectáculo a solo. Fernando Pessoa é inspirador para si?
Ele e outros autores, sim. Gosto muito de poesia.


É por isso que a exercita no blogue ‘Corpo dormente’?
Ganhamos a vida a fazer o que é mais bem aceite pelas pessoas e o que julgamos fazer melhor. Faço comédia porque é o que domino mais. Mas no blogue não quero ser engraçado. Escrevo ali coisas que penso, porque não tenho outro espaço para as dizer.

A poesia é o próximo passo?
Tenho demasiado medo para arriscar, mas é um gosto que tenho.

Escreveu o comovente poema ‘Fim do banco’ sobre o “terceiro andar da idade”. A velhice é território onde não entra para fazer humor?
Não tenho temas proibidos, mas alguns custam-me mais do que outros – como esse. Talvez por ter convivido muito com a minha avó, que acompanhei até aos últimos dias. De cada vez que vejo uma pessoa idosa, independentemente de ela estar triste ou contente, emociono-me.

Sendo o seu humor ‘ingenuamente forte’, alguma vez deu consigo a pensar: ‘desta vez fui longe demais’?
Não. Mas usei para a TSF [“Tubo de ensaio”, programa diário] um texto sobre a fome em África que levantou grande polémica. As pessoas esquecem-se que o dever do humorista não é informar – é fazer humor. Com o que tenho vivido na rádio, acho que evoluímos muito pouco desde 1974.

Há censura?
Mais camuflada, mas existe.

O “senhor do bolo” [referência a Francisco Pinto Balsemão na festa de aniversário da SIC, em 2003] alguma vez confessou achar-lhe piada?
Não só nunca confessou, como nunca o vi.

Quer só fazer rir ou pretende que o seu humor seja como uma mosquinha de Platão a espicaçar consciências?
Gosto de provocar uma equação qualquer na cabeça das pessoas – algo que as faça rir e, mais tarde, pensar. O humor é uma arma demasiado poderosa.Há tanta gente disposta a ouvi-lo, que seria uma pena não o aproveitar para pôr as pessoas a pensar.

O seu cabelo vai aparecendo mais despenteado à medida que a sua popularidade cresce. É o seu barómetro?
[risos] Não. Ultimamente é mais por falta de paciência. Mas também porque fico completamente ridículo penteado.



publicado por JN às 03:52

Link: http://jnverao.blogs.sapo.pt/21913.html